sexta-feira, 23 de abril de 2010

- O caminho daqueles que se perderam de si mesmos -


Caminho pelo caminho daqueles que se perderam e não mais encontraram a si mesmo. Para encontrar-se a si mesmo deve-se perder-se. A erupção de um vulcão a muito adormecido faz as pernas daqueles que convivem com o homem de pedra tremerem.
O homem de pedra não pode se entregar ao fogo, mas no passado, era magma. Eu, ao contrário disso, caminhante que perdeu-se de si no vale sombrio da água escura, fadado a carregar asas de metal em minhas costas, asas pesadas, que não são úteis para voar.
Asas de metal, para que servem?
Asas de pássaro servem para voar, mas podem ser despedaçadas até sangrar.
Asas de metal sangram? Sim, sangue escuro, viscoso e nada gracioso, mas não é despedaçada. Quem me dera pudesse despedaçar o metal, mas se não consigo, devo aprender a conviver com isso.
Sem combustão anseio em queimar.
O fogo tudo separa, eleva e faz declinar.
Quero que meu corpo queime e se transforme em fumaça
Quero beber o cálice da morte.
Quero chorar e me lamentar pelos homens que não se decidem em morrer.
Homens, infelizes e miseráveis, bebem da cristalina água do lago das lágrimas, lago central e alimentador do “Vale dos Rios”.
E eu, anseio em morrer, mas não beber dessas águas.

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