domingo, 19 de junho de 2011

- Esfinge, da auto - devoração e auto - construção -



Há muito tempo humanidade mantinha-se perdida no deserto, buscava, a cada passo, a cada olhar, a cada estrela nova que aparecia no céu, uma trilha que levasse ao fim dessa longa peregrinação. O que busca um peregrino? Martiriza seus pés e espírito, flagela o corpo expondo-o ao sol sedento por beber seus raios e matar sua cede. Para que alimentar-se de luz? Ó humanidade, seu corpo é um abismo tomado pela escuridão e cada luz que se lança garganta adentro se perde em meio às trevas de seu ventre.


O que procura ver dentro de si está em seus próprios olhos, o que procura tocar e sentir já acaricia tua pele a todo o momento. Mas humanidade escolheu manter-se perdida e se perder a cada vez mais. No deserto, a pirâmide aponta para o céu, mas também sua base aponta para os quatro cantos da terra, no interior pode haver algum tesouro, mas provavelmente encontrará um cadáver.

É noite, noite estrelada do deserto, à sua frente um altar e, logo atrás, uma mulher com corpo de leão. Dizem que sabe de tudo, outros, que engana, outras ainda que ela devora homens. Mas, humanidade, solitária em seu desespero, decide correr o risco, pois havia transformado o mundo inteiro num imenso deserto em busca de sua autoconstrução e autocompreensão.

“Ó grandiosa Esfinge, vós que a muitos homens sábios mantém em seu ventre e com suas almas alimenta vossa sabedoria, vós, grandiosa e inabalável dos séculos e séculos digais-me: o que sou?”

“Não forneço verdades e nem esperanças, apenas direciono os passos daqueles que ampliam a estrada ao estremo destruindo todo o caminho tornando-o deserto. Não lhe devorarei, mas você mesmo é objeto de sua ruína e auto devoração, toda decadência é auto decadência, ocorre de dentro pra fora. Assim, pois vos digo humanidade, tua face é como um espelho, este nunca nos mostra como se é verdadeiramente, mas, em seu rosto, a metamorfose de imagens que reflete a cada raio de luz que o toca, portanto, nunca vemos a face do espelho e nem nos perguntamos sobre isso, pois aí está para nossos olhos o impossível, mas espelho assim o é para nós própria plenitude de ser espelho.”

Ao ouvir tais palavras, humanidade decidiu encerrar tal peregrinação e, das areias, fez surgir rios, dos rios, todo o tipo de vida, e percebeu que sempre esteve e pertenceu a si mesma independente do lugar.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

- Rastro de Perfume -



Você passou como o vento e deixou para mim seus rastros de perfume que envolveram minha alma. Agora, não mais sei onde estou. Paixão, carinho, calor, amor, amizade ganhando o mesmo corpo que parte ao encontro daquela que passou e deixou seus rastros de perfume, seus fragmentos de flor, sua doçura de sonho.


Corpo, dança, gesto e harmonia, desequilíbrio moderado, frio incendiado, fogo renovador.

A tudo o que é santo, a isto, que é o que há de mais santo.