sábado, 22 de dezembro de 2012

- Do amadurecimento -




Como ficam as coisas que amamos, construímos e juntamos nos cantos do quarto e debaixo da cama quando partimos? Por algum tempo se mantém erguidas, depois se desmoronam e o vento as levam.
Estranho pensar coisas desse tipo, não gosto, mas vejo como ponte para nos olharmos como simplesmente somos: homens e mulheres, pessoas que simplesmente, com pés suaves pisam no chão desse mundo e tais pegadas, com o tempo, se apagam.
Então, tudo vale a pena!!!

sábado, 22 de setembro de 2012

- Metamorfose do Herói -




Há muito houve um artista, porém este não era suficientemente forte e morreu, porém, antes de morrer fez um testamento com seu dom para que pudesse herdar de si mesmo suas habilidades. Tornou-se então um guerreiro, muitas lutas, muitas derrotas, mas é por meio de pancadas que o mármore ganha forma. Porém o guerreio nunca se torna pronto e por pequenos feitos é aclamado herói. Mas dura pouco, a fama não é a mesma quanto à do artista. O herói salva, resgata, porém seu futuro é o martírio.
É esse então o caminho de nossas metamorfoses? Não mesmo! Há outro passo, secreto, que a história nunca conta. O motivo? Disso não entendo. O mártir chama a atenção, com ele o mundo muda de nome, o comércio também. Lutar e morrer por um mundo melhor. É esta a fatalidade do herói? Qual a alternativa? Tudo bem, respondo-vos ó aprendizes de guerreiros e artesãos, o herói deve ser herói de si e para si. Mais um “porém”, há, nessa virada, um enorme risco de abismo, há, nessa virada, o perigo de cair no egoísmo e se esquecer do resto do mundo. Portanto, não temas em salvar-se, mas lembra-te de ensinar aos outros a importância de, a cada dia, salvar suas vidas fazendo cada segundo o mais precioso possível.

- Vontade de alma -




Durante muito tempo permaneci sentado nessa pedra, daqui assistia muitas vidas passarem e serem vividas ao máximo que lhes fosse possível. Confesso que estou cansado e meu único descanso agora chama-se movimento. Minha alma move-se por si mesmo arrastando meu corpo, pernas que antes não respondiam são arrastadas por uma vontade de alma. Estou um pouco enferrujado, mas com um tempo minha coluna não mais manifestará dor e suas rachaduras serão seladas com concreto.
Levantei da pedra com o corpo arrastado pela minha alma. As nuvens de tempestade que faziam trevas no céu modificaram-se em formato de redemoinho e, do seu interior, vi uma imensa claridade. Energia, energia vital ou energia destrutiva do raio? O único caminho para a verdade é a dúvida e a verificação. Do centro do redemoinho de nuvens um raio cortou o horizonte e dividiu o mundo em dois por um instante.
Meu braço, então, serviu de para-raios por um momento! É tudo o que tenho e todo o possível deve ser feito nesse instante, pois o raio em minhas mãos condensa tudo o que existe, nada há frente, nada há atrás. Vida é luta, golpeei então o ar e do raio surgiram pontos de possíveis e absolutos agoras. Estiquei a ponta do dedo e fiz uma escolha e tudo se tornou caminho.

domingo, 12 de agosto de 2012

- Dos riscos no meio do caminho -




Buscar um sonho é como voar sobre abismos e muralhas em direção a algo no horizonte e que, sempre que encontramos algum lugar seguro para descansar e assim o fazemos, encontramos neste lugar um anjo ou um demônio que nos tenta convencer de ficar. E ficando por tempo demasiado, perdermos nossas asas.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

- Sobre a Maldade -




Você diz que sou maligno... mas da minha maldade você nada conhece... apenas eu sei do mal que sou capaz e por isso decidi não dar face a isso.
O mal é como uma lança cujo cabo que precede a ponta é afiado como uma lâmina, portanto, quando se atira tal lança, antes que esta atinja seu alvo, marca a pele do atirador traçando um caminho de dor e sangue que talvez nunca seja coberto pelas areias que enterram as coisas no passado. Sei o que é o mal, por isso decidi não praticá-lo. Não me diga que sou cruel, pois da crueldade que me habita você não enxerga nem a ponta, portanto, meu caro, você não me interprete incorretamente.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

- Breve conto sobre autonomia -





Olhei o abismo e me joguei no mar... nadei para bem longe... tão longe que não escapei de minha própria consciência. Peguei um pássaro e o segurei em minhas mãos, cuidei de sua vida, mas ele nunca mais pode voar. O que roupei deste pássaro? Ao cuidar o tornei fraco! Tomava-o em minhas mãos e o levava aos mais infinitos horizontes, ele sorria, mas voar para ele se tornou uma atitude cansativa e desinteressada e, as vezes, para algumas criaturas, a autonomia pesa demais. Então o pássaro se tornou pássaro de vontade fraca e de asas emagrecidas e despenadas. O que torna belo é a livre ação daquilo que somos impulsionados a ser e a negação dessas coisas é o despedaçar que fragmenta esfarelando até a pura negação.
Um dia um grande mestre abandonou seu discípulo à boca da morte, o discípulo então odiou seu mestre desde aquele dia e, desejando vingança, venceu a morte fortalecendo seus braços, pernas e coração. Caminhou no deserto de sua existência tornando-se forte a cada passo, até que em uma tarde qualquer encontrou seu mestre, já não mais tão jovem quanto antes e, após ter dito – lhe algumas palavras, perfurou seu velho corpo com um punhal.
Tempos mais tarde encontrei um pássaro e o tutelei, não o abandonaria assim como fizera comigo meu mestre... assim havia eu decidido... e agora vejo o mau que fiz a esse pássaro e o quanto minha superproteção e cuidado o enfraqueceu... Agora lhe compreendo meu mestre... abandonando-me à morte você me tornou vivo... e forte... minha autonomia não esmaga minhas pernas... pena não ter te compreendido antes...

sexta-feira, 6 de julho de 2012

- De como eu me tornei um renegado e mau caráter -




Fiz muito por esse vilarejo, pelo menos o muito que sempre esteve ao meu alcance, ou o “pelo menos” de acordo com o que cada um compreende. Porém, certo dia, fui atacado pelas costas por um guerreiro de menor valor, mas sangrou, pois o tesouro de minha alma foi atingido fazendo minhas pernas tremerem, mas mesmo assim pude me defender e derrotar meu adversário.
Ferido, retornei ao lugar que tanto amava ficar, mesmo que quando ficava por pouco tempo, para tomar um café ou apenas tirar uma soneca. Porém, há uma arma cuja qual espada nenhuma é afiada o suficiente para confrontar: a sagacidade da retórica humana.
Todas as pessoas com quem convivia olhavam – me e em seus olhos brilhava o desprezo e uma pequena quantidade de ira. Não conseguira eu compreender, mas, dias mais tardes palavras duras o vento traria. Notei que o vilarejo aos poucos ficava mais pobre, as colheitas, sem cuidado, secavam lentamente, os peixes e animas terrestres, na sombra da noite, partiam levando tudo o que lhes pertencia, as pessoas ficavam mais impacientes e dês-afetuosas.
Sentia que meu lugar, que tanto amava, restringia-se, no momento, somente a uma ilha com poucas árvores nas margens do vilarejo. Um dia, andando pelas ruas onde cresci, pessoas conhecidas de há muito tempo encurralaram-me num beco e disseram que todas as desgraças pelas quais se defrontavam eram oriundas de minhas ações. Então pedi uma explicação, pois não conseguia compreender o porquê de ter me tornado uma maldição para aquelas pessoas. Então, me responderam que, após eu ter atacado cruelmente e ferido  o guerreiro de menor valor, estes tiveram que desviar todas as suas ações que mantinham a vila para socorrer tal pessoa o que comprometeu toda a economia do lugar.
Desde então percebi que as testemunhas do combate careciam demasiadamente de capacidade de interpretação de fatos e de discurso. Construíram, desse jeito, este muro chamado verdade cujos tijolos dizem ser meu caráter. Agora vivo, aqui, em minha ilha apenas, como renegado... e mal caráter...  

sexta-feira, 22 de junho de 2012

- Para quando a tempestade acabar -



“A vida é um instante de raio na imensidão do céu e sua origem está nas grandes tempestades”, isso me foi dito por um sábio rei enquanto tentava compreender o que é a vida destituída de seu vulgar sentido de sobrevivência. E hoje, observando o mundo e as voltas velozes que executa misturando e sacudindo todas as coisas, posso acrescentar a tais palavras que disse a mim mesmo: “pois sempre quando saímos de uma tempestade, saímos mortos e também vivos, o espírito não sobrevive, mas nasce um novo na velha alma”.

- Para quando o mundo acabar -



Agora que o mundo acabou vejo tudo originariamente, sem pecado. A criança, com massa de modelar reformula o mundo e configura tudo o que pode e acredita ser possível e assim tudo é. Cada passo é o primeiro e único passo do momento, portanto, pé esquerdo e direito se equivalem em importância e sentido.

sábado, 2 de junho de 2012

- Peguei e guardei -

Um coração caiu do alto céu e pousou em minha mão. Peguei, apertei e pus em meu peito. Desde então sigo vivendo. Uma imagem do teu rosto caiu de repente e percebi. Voou. Mas corri e percorri bastante. Não me cansei. Peguei e apertei com muita força no peito. Pronto, pus no coração e, desde então, vivo te amando.

- Forjando a própria coragem -

Da última vez fui vencedor, porém não somente com minha força, pois você me apoiou e me fortaleceu. Mas agora preciso ir à guerra contando somente com meus braços e pernas, não quero ninguém como escudo, mas sim forjar minha própria espada e minha própria coragem. Por isso parto para a guerra, só, não quero arriscar ninguém, portanto, se encontrar a derrota voltarei satisfeito, pois provei de minha própria força... e limite...

- Do sacrifício pela iluminação -

Com um punhal fiz uma ferida em minha alma e a costurei, isso irá doer por um longo tempo, mas que isso permaneça como lembrança para me lembrar do que eu sou e do que aprendi. Talvez eu necessite renascer milhares de vezes para me perdoar e assim permanecer somente a sabedoria. Mas, é se cortando e se ferindo que se ilumina.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

- Tsurus voando -




Quando me atiro em seus braços fecho meus olhos e adormeço num paraíso. Sinto um perfume imediato na alma que enaltece,  aparece e transforma minha face. Sim, é você, a canção que se aproxima cuja voz desejo escutar todos os dias ao acordar.

Sim, tsurus voando na parede dos meus sonhos construídos e erguidos, você dormindo, carinha de menina linda, música que fala de amor, frio na barriga, vontade de te beijar.