quinta-feira, 28 de julho de 2011

quinta-feira, 21 de julho de 2011

- O retorno das asas de metal -



Olhei ao longe e vi uma árvore, uma antiga árvore, parecia estar ali naquele horizonte há séculos. Minhas vistas de repente ofuscaram-se e senti necessidade de ir um pouco mais adiante. Quando se deseja saber alguma coisa é necessário se lançar no precipício e afundar no oceano. Aproximei – me e, no centro um pouco mais acima de seu tronco havia um círculo, mas, igualmente como minha vista, este permanecia ofuscado em sua própria natureza.


No mais profundo da escuridão do aprofundamento, a árvore, em sua realidade e também na minha, não mais era árvore, mas sim um antigo templo que insistia em permanecer coexistindo com toda a modernidade que havia ao seu redor. Curioso, caminhei ao seu redor para ver o que havia em seu interior. Uns dizem que não há nada mais profundo que a pele, eu, porém, sempre compartilhei da ideia de que o mais profundo é o interior, então, movido por essa convicção, procurei até encontrar uma porta. Simples porta. Seguindo meu desejo, empurrei e a abri. Entrei. E, ao passar pela porta, entrei eu mais duas pessoas que não havia me dado conta. Pude presenciar um culto primitivo que ainda se perpetuava, diante de um altar, um sacerdote e mais dois auxiliares executavam um ritual. Caminharam em nossa direção e fizeram símbolos em nossa testa e em nossa face, símbolos que, segundo eles, protegiam e abençoavam.

Depois disso saímos e, lembrando do semblante do sumo sacerdote do templo, pude o reconhecer e disse: “quem ainda está nesse templo é o Kelder”. Então minha mente entrou num estado de tempestade de memórias e de súbitos raciocínios, muita coisa passou a fazer sentido e senti ânsia de vômito que durou por todo um dia. De repente passei a amaldiçoar a benção que recebi e me senti adoecido, fraco, fracassado, todas aquelas imagens, a árvore, o templo, o sacerdote, ainda é ele, como pode? Benção? Maldição que me feriu na alma e que sangra sempre quando escorrego. Dor! O retorno da dor! Dor sempre retorna!

Nesse momento, negras e pesadas asas de metal surgiram novamente em minhas costas fazendo meus pés afundarem no chão e sangrarem. Há muito tempo havia aprendido a voar com elas e a voar sem precisar delas, mas, como tudo é um ciclo, tudo retorna, há menos que o ciclo seja desfeito.

sábado, 16 de julho de 2011

- As linhas do teu rosto -


Em uma das esquinas dessa vida me perdi em seus olhos. Você nem precisa me dizer nada, pois as palavras que leio em teus lábios quando sorri e em teus olhos quando me vê são muito claras. Por um momento me vi no céu, depois no mar... e depois deserto...


As linhas do seu rosto traçadas em minhas memórias tomam forma em qualquer horizonte, mas o tempo, mago velho, espalha com seu vento minhas lembranças assim como areia. Mas, as linhas do seu rosto... seu rosto... eu nunca esquecerei...

domingo, 10 de julho de 2011

- Desejo de fortalecimento -



O seu olhar me trouxe uma profunda lembrança. Lembrança de algo que nem me dava conta de ainda guardar em minha alma. Sempre soube que estava aqui, dentro de mim, em minhas mais antigas memórias já camufladas em sonhos destituídos de sentido. Sempre senti, nesse frio de inverno, ao ver as folhas das árvores secarem e caírem, a sensação de saudade de algo desconhecido.


Meu olhar fita teus olhos e os atravessa, lá há um mar e no horizonte cinzento sua alma caminha em meio à tempestades, dançando, fazendo malabarismos e piruetas. Sim, você resiste, suporta, cresce e se fortalece. Amarrei meus braços em minhas costas, quero ver como você luta, como você encara este desafio, como reage, como toma para si tua vida.

Não estou fugindo, apenas quero que te fortaleças.