terça-feira, 12 de outubro de 2021

- Marinheiro, como você aprendeu a nadar dessa maneira? -


 

- Nossa, você nada muito bem, Marinheiro. Como aprendeu a nadar dessa maneira?

 - Na verdade, aprendi a balançar de acordo com as ondas do mar. Porém, o maior aprendizado da arte de nadar veio quando o navio tombou. Tive que usar todos os meus recursos para não afogar. Quando voltei a navegar novamente, sereno e tranquilo em mar calmo, mas, também, me adaptando à tempestades, ouvi, iludido pela vontade de viver, o canto da sereia. Tentei me aproximar, a sereia, porém, não se movia de sua pedra. Mas, estava cada vais mais atraído por aquela melodia, estava disposto a me atirar no mar, a desviar a rota se fosse possível e, quando me dei conta, o estava fazendo. Então, peguei a mim mesmo pela gola da camisa, "eu" diante de "si mesmo", o "grande" e o "pequeno homem" que tentava retornar, olhei-me nos olhos, e bati não com força, mas com toda moralidade possível, na face do meu "eu" e disse, "toma vergonha nessa cara!", "esqueceu de ti novamente!". Nesse momento, senti vergonha de mim mesmo. Aquilo que é pequeno, fraco e molenga, a decadência sempre retorna e, nesses momentos, é preciso chamar a si mesmo o respeito e a reverência por si, por quem se é, para não ser ingrato para consigo e para com o mar. O que importa, para o marinheiro, é o mar e seu navio.