segunda-feira, 25 de abril de 2022

- Sonho e vida no dia 25/04/2022 -


Entrei na sala de cinema, sala escura e poucas pessoas. Tudo em escala de cinza. Talvez seja pela ausência da luz, mas pouco importa. Havia ali duas pessoas e eu me sentei dando uma sequência de três à fila. Assim é o cotidiano dos mortais, tudo em fila, tudo em escala de cinza, com pouca luz e poucas cores. Como bom expectador, mantive os olhos internos fixos nessa metáfora de minha vida até que uma moça desconhecida, mas que sabia quem era se sentou ao meu lado. Uma linearidade, uma sequência lógica de enunciados, cada pessoa, uma palavra, as quatro pessoas, um texto, o texto escrito nas linhas da palma de minha mão. Tudo era em escala de cinza, mas a blusa da garota, da quarta pessoa, era verde com libélulas estampadas. Passou as mãos em meus cabelos e queria que deitasse minha cabeça em seu colo. Por mais agradável que fosse, achei tudo aquilo estranho e confuso. Porém, a moça pediu para que as outras duas pessoas se afastassem, pois ela veio para pôr uma vírgula entre eu e elas.

A vírgula nada mais é que uma interrupção, uma parada, um rompimento na linha do destino que repousa na palma da minha mão. Vírgula entre eu e essas pessoas me coloca, a sós, com a moça da blusa colorida. Agora de tarde, olho seus olhos, olho para o horizonte e você me diz que o vento que toca seu rosto é agradável e que as nuvens escuras que cobriam o céu pela manhã estavam se desfazendo. O vento tudo desfaz, tudo desmancha, tudo leva embora.

Mas tudo terminou com velas, jantar, um beijo e uma canção:

Eyes on me