domingo, 20 de junho de 2010

- Guardanapo para você -


O horizonte ao qual vejo está repleto de faces, ideais e sonhos, muita diversidade. Meus olhos se perdem e perdem muitas coisas de vista, porém, há algo que não quero arriscar perder, por isso encontrei outros olhos para manter sempre focado nessa face única, que também é sonho ideal e presente acontecimento. Ao que decidi sempre contemplar em meu horizonte sem perder de vista direcionei os olhos do meu coração, portanto, sempre que olho para você, olho de maneira diferenciada do resto do mundo, pois isto é feito com os olhos do coração.

Amo você!!!!

- Elogio à liberdade -


A liberdade segue dançando diante de meus olhos com sua sensualidade corporal, caminha para um lado com passos leves parecendo flutuar, olhos sedutores prendem meu olhar, não consigo parar de contemplar eterna beleza. Um passo de dança, um leve ato de deixar cair os cabelos escuros sobre os ombros, escuridão misteriosa que desliza suave sobre seus ombros e pescoço. Quero tocar, sentir o cheiro, agarrar e segura-la em meus braços. Ente sem o qual a vida é insuportável suportar, suportar o insuportável é caminhar com o corpo frio e perpetuar a negação do sopro vital, sopro aspirado nos mais altos montes e montanhas, sopro aspirado no bater de asas de um pássaro.
Eu, amante da liberdade, vejo – a sempre jovem, cobiçada por muitos, mas, dona do coração de poucos, somente aos aventureiros é dado conhece-la e ao conhecer torna-se impossível não apaixonar-se. Com o coração apaixonado sou levado aos limites da sensatez humana, beiro o abismo da loucura, intensifico a vida ao máximo ao ponto de tornar possível perde-la. Pois viver sem essa paixão é viver carregando o próprio túmulo sobre os ombros.

- Faces e Pedaços -


Estou em pedaços, mas me mantenho inteiro, os sonhos que surgiram num raio de instante da manhã morreram no agora da tristeza que me faz sobreviver e tenta me alienar. Você me disse que tudo está perdido, a juventude morreu e se encerrou no caixão da pobreza de espírito. Ventos frios, congelantes de ossos sob a carne, sob a pele, caminho agasalhando – me em meus braços que me envolvem, fujo do frio apenas em pensamentos, deserto de gelo, cristais que rasgam o corpo, sangue sem fluxo.
Você me disse que tudo está perdido. A juventude não é mais como era antes, ou você envelheceu seu espírito? Um punhal cravado no peito e outro na mente, tudo está perdido, você diz. Um punhal cravado no braço e outro na esperança, tudo está perdido.......
O vento sempre passa e se mantém no lugar, mas o meu rosto não é tocado sempre pelo mesmo vento, o mesmo de diversas faces toca minha face, passa e permanece, muda, mas não se transforma.
Nessa noite, desejo um vendaval que possa embaralhar meus pedaços e reorganiza-los novamente.

- Arte e Pedra Filosofal -


O jovem marxista grita em meio ao seio de sua miserável existência: “a burguesia esta cheia de pseudos artistas”. Vou lhes dizer agora o novo padrão de vida pautado numa ilusão. “Vivo intensamente”, diz o jovem burguês, “devo me divertir, pois assim é que se vive intensamente, miseráveis os que não o fazem, encurralados permanecem no canto da humildade, temem minha alegria, agito, agito, giro e agito, assim vivo intensamente o instante com uma multidão de gente. Aos miseráveis, resta a solidão, a barbárie e ausência de poder executar o que executo”.
A nobreza da arte burguesa. Nobreza feudal, título de nome, rotulação sem corporificação, arte nobre burguesa, rotulada, amontoado de composições saturadas de técnica, voz, cordas, som. Arte, pensamento e sensibilidade que toma corpo, o corpo de homem tomado, artista, criador, configurador de corpo. O corpo para alem de seu corpo, extensão de si para si, si contempla. Contemplado por outros, artista. O diferente não está no igual, mas no adverso. O centro é todo si mesmo, mas as margens possuem contato com o extraordinário. O sertanejo e o seu sertão, voz levada pelo vento, canção sertaneja, sensibilidade e pensamento do sertanejo, corpo para alem do corpo, arte, extensão de si. Funkeiro, sua realidade, a música vibra no morro e faz tremer a burguesia que pensa compartilhar, mas não vivenciam aquilo que tomou corpo. Tremer e dançar se distinguem.
Rouba-se da margem e configura em técnica, pensa pintar a tela, mas antes se pergunta ao professor quais cores se mistura para fazer um contraste. Algumas coisas doem, mas não são todos assim, a dor por traz da burguesia, não as pessoas, coitados, ainda descobrirão o mundo assim como descubro a mim mesmo para mim.
Sobre mim, pareço viver meus últimos dias, últimos dias para o quê que vivo? Sou bicho do mato, o cheiro de civilização não me faz bem, sou selvagem, mas retraído traindo a mim mesmo, sigo pela emoção. Não sinto prazer em reproduzir os parâmetros de vida intensa, tal intensidade é falsa e não alcança o instante de vir a ser o que se é. Por isso sou selvagem, não quero ser domado, não suporto padrões disfarçados em intensidade. O agora nunca é instante.
A vós, homens civilizados, devorarei as entranhas de seus filhos com meus pensamentos, serão homens sem pernas, pois os farei reconstruí-las por si mesmos.
Mas há algo que me apavora, que me faz sentir medo, e quanto mais busco minha pedra filosofal, mais me aproximo daquilo que me causa medo, e então a dor é inevitável. Dor, abismo profundo na alma e no coração, profundidade. A este caminho é designado aos mais fortes percorrerem, e quando encontram sua pedra filosofal a trazem para a humanidade, porém, pouquíssimos conseguem perceber, pois necessitam de razão.

- Tábua dos bem – aventurados II -


Bem aventurados aqueles que decidem pelo caminho que leva a nenhum lugar. O céu, a Terra e o Inferno são somente passagens, em nenhum dos três se constrói morada, mas o coração se torna casa para o viajante.

Bem aventurado o guerreiro que, com sua lança, perfura e rasga o grande olho metafísico.

Por tudo passo e transpasso, mas algo permanece sem permanecer. Caminho.

Antes, escondia a vida por trás dos meus medos, então um sábio me disse: quem tem medo não vive. Passei então a esconder minha vida por trás dos meus vícios, mas estes estão morrendo e criando virtudes. Quando os vícios e os medos não mais servem de escudo para não viver, esconde-se por trás dos pensamentos. E então surge o perigo mais perigoso, a ilusão mais ilusória. O retrocesso se confunde com o progresso, mas há progresso no que serve de caixa para a vida, o pensamento vai e a vida permanece.

Bom! Ruim! As partes preenchem o todo. Às vezes o desejo permeia pelo pensar, mas, as vezes o desejo também perpassa pelo sentimento.

O caminho não se fechou, mas o viajante que deixou de caminhar.

Bem aventurado aquele que permanece repleto de si mesmo.

- Solidão -


Vi uma lembrança escorrer de seus olhos, no peito o coração está sempre em martírio lançando-se nas paredes do tempo. Moro aqui dentro, adormeço e sonho aqui dentro. Um homem acabou de cair planando no vento frio do inverno, rompeu com o galho que o pendia na árvore. Cai a folha sem ver as flores tornarem-se frutos. Apodrecem os frutos sem ver suas sementes se romperem, e a semente nunca irá ver a árvore que se tornou.
Os olhos se fecham e se enganam, o grande pensa ser pequeno, o pequeno não se assume, por isso morre a cada instante em que vive. Vi uma lembrança escorrer de seus olhos. O mar feito de lembranças nunca trouxe o navio que você espera para ancorar em sua costa, as ondas levam e trazem, mas sempre por você levaram embora. Um avião passa por entre as nuvens, a ilha permanece sozinha no mar, deseja que o avião caia em sua terra, sua tão solitária terra.
Vi uma lembrança escorrer de seus olhos. Você caminhava segurando um sonho nas mãos, a estação, o trem, tudo chega quando não quer que chegue, nada chega quando se quer ver chegar.
Vi uma estrela cair do céu.
Vi a lua cair no mar.
Vi o sol morrer no fim do meu horizonte e renascer por traz dos meus ombros.
Vi você caminhar, vi sua lembrança escorrer de seus olhos, vi você segurar seu sonho entre as mãos.
Vi você abrir a porta da sua casa, entrar, trancar e adormecer.
Abençoado seja!!!!

- Menino Pequeno -


Menino pequeno que plana no ar e não pisa na terra.
Menino pequeno que visto de perto é do tamanho de uma estrela vista de longe.
Menino..... menino.... olha por trás da parede de vidro para ver o mundo bonito.
Menino....... moleque....... sem parede de vidros o mundo é sem forma e as cores se misturam e você não vê o desenho da face de seus amigos e nem a beleza da terra em que nasceu.
Menino pequeno que canta uma canção ao amanhecer e reza uma oração ao anoitecer. Por quê?
Menino pequeno tem medo da escuridão, menino pequeno tem medo do que não pode ver ainda e tendo medo de ver nunca verá, mas vê o mundo por trás da parede de vidro.... pequeno........... pequeno............... pequenino............
Menino pequeno quando chora procura a mãe, menino pequeno não encontra a mãe e o choro é cimento e terra.
Menininho, terra e semente, lágrimas de choro, árvore que cresce e fica grande, dá frutos.
Menino pequeno se joga na escuridão, sua mãe sumiu..... seu pai também....... as lágrimas não. A vida corta e desmama o filhote no tempo certo, as flores também precisam de uma estação para morrer e de uma outro para nascer e florescer.
Menino pequeno..... viu alguma coisa na escuridão do espelho, viu um mundo diferente..... menino pequeno viu no espelho menino grande.... e nunca mais foi pequeno.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

- Tábua dos Bem - Aventurados -


É necessário que tu desejes morrer, pois este é o primeiro passo para beber do cálice da morte.

É necessário que conheças a própria alma, pois é assim que se alcança a excelência.

É necessário a vós apaixonar-vos pela liberdade, deixando-a seduzi-los com sua sensualidade.


Ó homens bens aventurados, poderão vós, ao permanecerem no caminho de cacos de vidro, vislumbrar o amanhecer de olhos fechados? Respondo com um sorriso!!!


Bem aventurados são aqueles que fazem arte nas paredes da casa de vidro.


Sendo assim tornar-se-á senhor das bem-aventuranças e voará com asas de metal.


Bem aventurado, o demônio caminha ao seu lado guiando-o para a divindade.

Bem aventurado, a cada queda um enorme salto.


Assim o disse, assim é e será, por todo agora, por todo instante, por todo vir a surgir momento.

É verdade verdadeira incorruptível, para o bem e o mal, para a guerra no espírito, para o inquietamento da alma, para as lágrimas derramadas pelos olhos.


Assim está, mas assim não permanecerá...


Vem e não suplica para ser encontrado e nem deixa se encontrar.

Vem quando quer e aos fragmentos, nunca inteiro pois o inteiro é o fim.

Venha morte, pois tu não é inteira, mas ponto na imensidão.


Bem aventurado aquele que, nesse mar de ondas de trovão, encontrar essas palavras e compreendê-las.


Assim o sejas para sempre....


......bem aventurado!!!!!

segunda-feira, 7 de junho de 2010

- Instante de raio ou As ostras do rio -


Em minha memória há muitos bolsos em que guardo minhas lembranças, pergunto – me então, quando tudo isso acabar terá sido um simples instante de sonho, simples, pois, sonhos ocorrem quase todos os dias, mas são poderosos como um raio na imensidão de um céu em tempestade.
Tudo quando chega ao fim parece ter sido um instante de piscar de luz em meio a um imenso mar de escuridão e, observando esse mar, vejo uma ponte para o fim do mundo à qual se encerra no horizonte alcançado pelos meus olhos em meio à tempestade. Apocalipse do instante, um raio repleto de potência de si, único e pequeno na imensidão do céu, torna-se presente num instante de momento intenso, belo e divino.
Quando tudo acaba, o flash torna-se lembrança, um instante mágico de sonho, assim também quando partimos, milhares de dias tornados flash’s de sonhos guardados em bolsos na nossa memória. Viveria cada instante de raio novamente!
O que é eterno não tem fim, apenas muda de lugar e de nome!