sexta-feira, 4 de abril de 2014

- A frieza do olhar -




O controle sobre as emoções e a segurança do momento são ferramentas com as quais nos enganamos e nos escondemos de nosso real acontecimento trágico. Observo uma onda gigante vindo em minha direção, sei de sua capacidade destrutiva, porém penso que sou imune ao seu poder e quando ela chegar arrasando toda a cidade, sairei por cima nadando. Assim observo friamente o mundo e o calculo, faço análises de suas catástrofes e formulo soluções. Mas, o que a frieza do meu olhar não me deixa ver é que, por dentro, essa onda fortíssima abala todas as estruturas sobra as quais me edifiquei e assim o corpo sangra. As paredes do corpo não suportam a força destrutiva dessa onda de fortes sentimentos e se racham e assim as águas selvagens dessa onda escapam em forma de hemorragia.
Mas, qual o remédio para isso? Será que nós, homens de olhar frio, sempre padeceremos desse mal? O que aprendi, até o momento, é reconhecer e respeitar a força dessa onda que, embora pensemos sermos mais fortes, sempre acabamos derrotados e arrastados por ela. Nossos braços não são fortes o suficiente para retermos aquilo que sentimos, portanto, é preciso deixar a onda fluir.