domingo, 25 de abril de 2010

- Como voar com asas de metal -




















O homem de asas de metal pergunta-se....
Para que servem as asas se para voar não servem?
As asas de plumas são leves e grandes, permitem um vôo tranqüilo e seguro, mas com asas de metal não se levanta vôo, com elas até a caminhada se torna dolorosa. O homem de asas de metal caminha pela estrada em direção oposta ao vale dos rios, quer sair daquele lugar e mostrar àquela moça que nem tudo é tão terrível. A cada passo, buracos no chão fazem suas pegadas, asas pesadas, penumbra nos olhos, visão ofuscada.
- Tempoooooooo.....
- Espaçooooooooo..........
-Me ensinem a voar com asas de metal!!!!!!!
-Minhas pernas não são fortes o suficiente para caminhar sozinho!!!!!!!
Assim grita e lamenta o homem de asas de metal. Assim lágrimas escorrem de seu coração inundando todo o corpo e vazando pelos olhos.
-Asas, servem para voar, pernas, para caminhar. Soou uma voz de entre as ruínas das antigas estruturas que insistem em permanecer.
- Isso eu sei, todos sabem, mas me ensine a voar e caminhar com asas de metal! Disse aquele de asas pesadas.
-Se não voa, se não caminha, se não consegue combater, o motivo é simples, você é o fracasso. As estruturas são fortes, nem a chuva e nem o sol que as transformaram num paraíso de trevas enevoadas as reduziram para alem de suas ruínas. Ruínas, modificações de uma construção para algo desprovido de beleza, é o que sobra quando o véu, que tornava algo demoníaco em uma obra de arte, se rasga.
- Estruturas, prédios e edifícios derrubados, mas suas plantas fortificaram raízes na alma do mundo, suas palavras me fazem desejar destruir a mim mesmo. O vento sopra, o ar se movimenta ausentando calor, o metal esfria e a dor aumenta.....
tempo tempo mago velho....
Tempo tempo mago velho..........
-As estruturas antigas apenas assustam, mas na verdade não são de concreto, mas sim de espuma, e somente aos fortes é confiado o mais pesado.... Assim diz uma voz no vento.
- Que voz é essa que rasga o vento e preenche meus ouvidos?
- Me chamo Tempo, o mago velho, o feiticeiro jovem, o espírito que há de nascer, o ser que sempre é. Asas de metal, frias.... penumbra nos olhos impedindo a visão.... vim lhe mostrar, vim lhe ensinar a ver e enxergar, compreender e depois voar com asas de metal. Tempo, mago, decorrer do milagre na vida, a transformação do que se pensa ser naquilo que se é.
Falou assim um velho misterioso de chapéu branco e de barba comprida, filho da eternidade que nunca e sempre passa, tempo, mago, magia, transformação, alquimia.
O homem de asas de metal começa a fortalecer suas pernas, inicia a sustentação de suas asas, posiciona-se diante das antigas estruturas e as desafiam, demônios saem de lá, seguram seus braços e furam seus pulmões, respirar é difícil diante daquilo que assusta.
Mas, mesmo com dificuldade em respirar diante das sombras demoníacas e desafortunadoras, aprendeu, ao ouvir e compreender as palavras da boca Temporal, a tornar leve suas asas.
Asas de metal, agora cortam o vento velozes, produzindo furacões, o vendaval é filho de suas asas pesadas agora tornadas leves, as trevas da escuridão são varridas e descristalizadas, os tijolos e o concreto são lançados á correnteza lacrimejante que tudo leva embora e devora. A penumbra de seus olhos esvaiu-se e pôde ver que por trás da face mortífera das estruturas há um sol, uma estrela, uma montanha, um caminho florido e plumas e pétalas cadentes do céu......
Assim se voa com asas de metal, assim se fortalece as pernas para se sustentar no combate....
O Tempo ensina, se personifica no mago velho para mostrar que tudo está no tempo e o tempo em tudo. Magia, alquimia...... transformação e metamorfose.....
- Os nossos limites somos nós que determinamos, e não vejo mais um horizonte ao qual não possa rasgar com o meu vôo levando você em meus braços. Falou assim para aquela que outrora havia nascido do círculo de luz.

Um comentário:

  1. caracas... não sabia que, em algum momento de minha vida, fui capaz de uma poesia desse nível

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