quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

- O Amanhecer visto de Olhos Fechados -





É noite, vi o amanhecer de olhos fechados, voz quieta e sorriso calado, lágrimas que corriam sem molhar, pensamentos derivados do soluçar. Soluços, pressão, agressão, meu amigo teme o mestre, torna-se pequeno por vontade própria, implora piedade por vontade própria, tem compaixão de si mesmo e exalta sua covardia. “Por que temer o mestre?” Pergunto a ele. “Se de sua mão arrancar-lhe a espada é para ensinar-te que é preciso segurar com mais firmeza.”


Disse a ele essas coisas enquanto observava o amanhecer de olhos fechados, o amanhecer amanhece primeiro por dentro, na noite, para depois coincidir com um outro amanhecer plural. O amanhecer de olhos fechados, inefável, catastrófico, é totalmente mistério para o outro. Observo um único sol provedor desse único amanhecer que somente a mim é possível contemplá-lo dessa maneira.

Olhos fechados!!!!!!

Vejo o amanhecer..........

Não posso lhe mostrar, não consigo falar e nem sei quando se inicia...

E nem sei quando alcança seu esplendor........

E sei muito menos se algum dia deixa de ser dia após o amanhecer.......



É amanhecer de fato, de um ato diverso do que foi dito.

Vejo e ponho-me a contemplar o amanhecer de olhos abertos, minhas vistas são feridas e rasgadas por essa luz matinal. Vista com olhos fechados........ é suave e fortalece a vista............. mas...... tudo bem............

O homem carregador de uma lança caminha caminhante totalmente andante em minha direção, observo e o vejo, avisto-o ainda distante e num instante de mim está diante. É-me familiar teu semblante. Sua lança, no ar dançante, é suspiro e canção de dor de um homem errante.

Levanto-me, ergo minhas asas pesadas do chão, frente a frente face a face, finalmente vejo de perto o guerreiro de uma só lança. Uma não por carregar apenas uma lança, mas sim por ser a quantidade necessária de golpe para derrotar qualquer inimigo. Um não em quantidade, mas qualidade, perfeição no manejo com a arma, perfeição no ato de vida e morte do combate, perfeição e compaixão, pois se mata o adversário com um único ataque.

(AM) – Quem é você, guerreiro carregador de lança? Quem é você que sempre se faz carne e da carne fumaça? Quem é você que livrou – me da morte algumas vezes?

(GM) – Protejo sempre os filhos do combate, mas somente aqueles aos quais o combate transforma em artistas. Seu corpo não é capaz de suportar meu nome, é preciso transcender o próprio corpo e purificar os ouvidos para ouvir quando eu pronunciar. Se quer saber quem eu sou deve trilhar o caminho que eu trilhei sem se perder de seu caminho, mas afirmo: seus pés sangrarão, sua mente se quebrará e nada restará em seu coração.

Dita essas palavras, o guerreiro partiu colocando-se a correr em direção à névoa que cobria parte do amanhecer e dispersou-se entre ela. Coloquei meu espírito e minha alma na sola dos meus pés e pus-me em direção á nevoa do amanhecer.

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