domingo, 8 de agosto de 2010
- Medo da chuva -
Acordou cedo, teve um pesadelo, mas não queria mais abrir os olhos. Tal sonho havia lhe ferido o coração e de tal ferida, lágrimas preencheram seus olhos. E presidia a vontade de não os abrir, havia decidido que a tristeza era somente sua e que nada no mundo era digno de compartilhar um milímetro de lágrimas sua.
Navegava em seu mar, feito com muros aos quais represou suas lágrimas, coração naufragado, mente úmida e ébria de melancolia. Passeava com os olhos por jardins de flores preto e brancas, havia alguns exemplares que ainda não murcharam, mas a cor, o vermelho de algumas rosas, desbotava e escorria folhas e caule abaixo.
Acordou cedo, não compreendia porque, mas...., o mundo inteiro se limitou ao seu travesseiro e dele fez uma prisão. As coisas acontecem, os sonhos e pesadelos vêm e vão, a dor ficou e limitou. Tudo o que vejo ver ao imaginar é chuva vista sentado numa escada. Quando se vê chuva de dentro da casa, pela janela, é tristeza, desprazer proveniente dos respingos frios que tocam nossa pele.
Lancei-me chuva afora, deixei-a cair e lavar minha alma, chuva vista do quintal traz divertimento, estou encharcado, mas as gotas, maiores que os respingos, são quentes e me fazem sorrir. Chuva vista por dentro, relâmpagos e trovoadas conversam comigo, não mais olho pela janela e me escondo do frio. Observo a chuva de baixo pra cima, lavo meus olhos. Ó momento, por que me abandonastes?
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