domingo, 25 de abril de 2010

- Guerras, Furacões e Tempestades -


Está escuro.... uma multidão corre descendo a ladeira....
Pressinto a guerra, o cheiro da morte me é adiantado pelo tremor em minhas pernas.
Homens e mulheres, a frescura jovial aparente em suas faces, o impulso vital de sua vitalidade que não quer se esvair.
Corremos em grupo para a névoa a qual adiante dela nada se vê, nada vejo, não vejo o inimigo, mas a multidão, o povo ao qual faço parte, as pessoas as quais quero estar unido.
Um barulho semelhante a um trovão rasgando o céu nos assusta, uma criatura de metal sobrevoa nossas cabeças tentando aniquilar nossas vidas. Corro para um abrigo, mas o fogo exalado pela criatura alada e metálica faz o concreto do abrigo ruir. Esconder? Quem garante essa possibilidade? Lutar? Não o alcanço, não posso voar!
Correria, caos, destruição e medo.
Mas adiante, ao lado, há um guerreiro incansável que salta para alem das nuvens e com sua lança derruba a criatura, o mito do guerreiro de uma flecha só, é sacramente manifestado.
A criatura alada de metal espira um grito de terror, e a pele de aço de seu corpo nada significa para a lança do guerreiro, que após desferir o golpe desaparece de diante dos meus olhos que se voltam para o chão. Homens grandes e fortes, astutos e velozes se dirigem até nós com seus punhos ceifadores de vida, a mim resta apenas me afastar, salvar a própria pele.
Mas não o posso fazer, os irmãos, amigos, companheiros de batalha devem morrer juntos, lado a lado, sei que será em vão, mas o sentimento é mais importante que sobreviver dessa maneira. Ao compreender esses pensamentos que me assaltaram, ouvi uma voz vinda de mim mesmo, porém oriunda de fora de mim: se você morrer não terá morrido de verdade, você tem asas de metal, com o bater de suas asas você pode criar vendavais e tempestades.
Senti uma dor terrível, minhas costas se rasgaram e compridas asas negras de um metal escuro surgiram. Posso agora defender meus amigos, posso cortar o ar e produzir tempestades.
Corro, corro para o combate, posso ver os ceifadores de vida diante de mim, a luta justa se faz no equilíbrio, a vitória digna se faz na igualdade entre os combatentes, não nos massacres, não na covardia.
O temor diante da dificuldade é comum, a compreensão disso é outro passo, arrancar forças de si e se lançar diante da morte é um pouco mais difícil.
A coragem nunca pode morrer!!!!
Meu inimigo milenar é veloz, a lamina de sua espada alimenta-se do sangue e da alma de pessoas inocentes, atiro-me diante dele, guerreiro maléfico combatente de todas as vidas e de todas as existências. Lados opostos pela eternidade, lados opostos desde a criação dos mundos, lados opostos desde que nos tornamos homens.
Fere meu espírito com seu olhar afiado de veneno, besta de coração e alma peçonhentos, sinto – me sangrar das profundezas do mistério que sou e que permaneço. Do céu, cai a lança de guerreiro milenar e mitológico, tão leve quanto posso segurar, arma feita de sangue e aço no altar.
Guerreiro milenar ceifador de vidas, seu coração negro, perfurado, jamais bombeará veneno por meio de seus olhos, mas suas lágrimas podem lavar suas futuras atitudes e vidas.


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