sábado, 17 de abril de 2010

- Dança milenar -


Sob a escuridão das trevas da noite ouço vozes dançando no ar enevoado, entram e saem pelos meus ouvidos me dizendo “poder levar para mais alto”, mas a canção, o som, solidão de um momento cujo vento é fresco, refrescante ar enevoado que em seu movimento se torna vento, assombroso, escuro, invisível.
Algumas lágrimas que caem no chão estremecem todo o ambiente quadriculado e fechado com janelas que apontam para o horizonte estrelado do lado de fora do quarto, quarto enevoado de luzes apagadas, de vozes que dançam no ar e pousam nos ombros como borboletas querendo deixar em algum lugar seus descendentes.
Noite escura, trevas, beleza, silêncio amado e raro nas cidades. Nas cidades o ar, o sol, a chuva, o silêncio são abocanhados pelo caos desordenado ao qual se pensa ter enquadrado em caixas e delimitado em palavras.
Paro, deito, direciono o olhar para as árvores que se movimento numa dança milenar, na noite, no vento ou na tempestade não contemplada pelos olhos comuns dos mortais.
Humanos, “mortos tocam a vida, em vida contemplam a morte” (Heráclito), o comum dos homens mortais sonhadores em serem imortais.
Dançam na noite sobre suas catacumbas escavadas por suas mãos de unhas cumpridas, escavadas no dia por amor ao estar e ficar sem nada fazer. Humanos, homens, homo sapiens, bípedes. O ente que dança nas sombras da noite quer inverter sua polaridade no jogo do ying yang.
Luz e trevas, trevas e luz, uma ponte, um rito, a passagem pelo movimento....
......pela dança milenar que vaga entre os mundo opostos permitindo retirar – se a si mesmo da sombra de seu coração e de seus pensamentos.

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