domingo, 25 de abril de 2010

- Almas aprisionadas -


Você abriu os olhos, horizontes profundos aos quais vejo o nascer do sol
Que se esconde quando pisca seus olhos.
Olhos solares com os quais ao acordar me observa.
Olhos que inspiram dúvidas, incompreensão.
Eu também não sei e não compreendo, apenas estou aqui.

Olhos com os quais observa os círculos, de alguns escorre sangue, de outros caem lágrimas, de outros, braços e pernas agarrados a corpos despidos, braços e pernas agarrados a objetos quadriculados, homens agarrados em anzóis, homens pendurados pela língua, homens carregando pedras enormes e pesadas. Homens que não sabemos se são mulheres ou homens, apenas são sombras da vida que deveria aparecer. Alguns são pequenos, muito choro e ranger de dentes, vale de lágrimas denominado de vale dos rios, planície dos círculos, correntes que aprisionam almas.
Menina – mulher, Filha da Luz, observa e inunda seus olhos com lágrimas, sente em sua alma a trágica canção daquelas almas, que giram, giram, e não saem do lugar. Sua tristeza é capaz de trazer tempestades. A chuva traz água, diferente de lágrimas dessa vez, fenômeno estranho nesse lugar, e molha o rosto daquela moça que, ao nascer, contempla a miséria dos círculos de almas acorrentadas. Por essa razão que muitos reconstroem seus círculos e retornam para as correntes, essa visão é para homens e mulheres de fibra, força e dureza para manter o olhar erguido.
O vestido da moça está molhado, ergo minhas asas de metal e a protejo da chuva e ela, com sua luz, nos aquece naquela fria tristeza que mortifica qualquer espírito.

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