Davi há muito tempo tornara-se homem, porém, olhando sua estatura, as pessoas, vitoriosas e derrotadas, segundo dogmas sacerdotais do deus Markt, o chamavam de “menino”. “Venha cá menino” ou “muito obrigado garoto”. Assim escutava diariamente ao cumprir suas tarefas provedoras de sustento.
Ao ouvir essas palavras pensava consigo: “tamanho nunca teve a ver com aparência”, mesmo indignado permanecia e tolerava, pois era impossível provar ao mundo inteiro, ou pelo menos a todas as pessoas da cidade, da grandeza que sabia possuir.
Diziam eles: “lá vai Davi, sempre quicando de um lado para o outro, indo para onde o empurram”. “Sempre aprendiz, nunca guerreiro como nós”, diziam homens de braços e barrigas grandes que se consideravam alguma coisa nessa vida.
Mas Davi tinha um sonho, queria um dia se tornar um guerreiro, porém não como os barbuchudos e barrigudos que conhecera, mas sim como um que viu há muito tempo e que jamais, em suas andanças pela terra, viu alguém semelhante. Este diferenciava de todos e era único em sua singularidade, pois tinha a capacidade de voar com asas de metal.
O tempo nunca decorre, sempre se afirma, céu escuro e firme. Das nuvens obscuras surge uma fera imensa, grandiosa, que devora e destrói a tudo que se ergue. Todos os guerreiros e também os demais puseram – se a lutar, mas era ineficaz.
O tempo nunca decorre, sempre se afirma.” Afirmo – me agora”, pensou Davi, sentou sobre uma criatura alada, voou, sem deus, sem garantia. Seu coração era seu deus, lançou-se velozmente até tornar-se um raio na imensidão do céu. Todas as pessoas o viram e não acreditaram, a claridade do raio que se tornara feriu todas as vista possíveis e, num instante, transpassou a criatura a muito temida.
Ninguém nunca mais o viu e essa história durante muito tempo foi recontada, reinterpretada, re – dita. Continuada e vivida de inúmeras maneiras diferentes. Que assim seja....
.....”HERÓI”
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