domingo, 24 de outubro de 2010
- Inquietude -
Meu semblante sereno abriga um espírito que se debate.
Gotas d’água caem e retiram a lama.
Cada impacto uma deformação.
Em cada deformação uma reconstrução e uma tentativa de reafirmação.
Meu espírito quer corporificar-se, abalar e sacudir o mundo.
Há milênios castigado grita o espírito, sofredor, rangedor de dentes.
Confinado na serenidade do corpo segura um relâmpago e golpeia internamente, cria rachaduras, buracos. O corpo racha, rechaça, mas é resistente. Calmaria e conformidade, animal que apanha nas costas, superfície corporal endurecida.
O espírito golpeia, quer sair e ganhar o corpo, rebelar-se, voar.
O Turbilhão do espírito devora e rasga, eleva, abala o mundo.
Nervoso, mordo e arranco sangue dos meus lábios, observo meu olhar, alguém vai morrer, sinto que posso morrer, o frio passa e sinto calafrio. Gato pulando o muro, caindo e correndo escuridão adentro... Vendaval!!!! AHHH!!!!!
Me joguei da montanha e não voei!!!!!!!!
Me joguei no mar e não mergulhei!!!!!
Rodopio e crio luz, viro estrela de ponta de pé no chão.
Inquietude!!!!
Inquietude incessante!!!!
Inquietude, sinto choque por dentro do corpo arranhando.
Minha mente assim é cortada, meu espírito assim chora, meu corpo assim sofre.
Medos não manifestados...
Vidas não vividas que amargam.
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