terça-feira, 14 de setembro de 2021

- Elogio à suspeita -


Hoje, a aurora finalmente se mostrou. O sol emergiu desmoronando toda a escuridão que me impedia de ver. Afastou também os fantasmas que me amedrontavam, filhos da noite. Essa mesma noite, longa noite, encarnou-se como metal pesado e, por um longo tempo, não pude mais voar.

Asas de metal! O espírito se fortalece em cada luta para erguê-las. Olhei para o horizonte, estou só. Palavras de primavera sopram meus ouvidos, mas sempre há a suspeita. A suspeita é primordial para não se afogar, levado pelo canto das sereias. A certeza é o momento certo, mas é a suspeita que nos proporciona cautela.

Uma imagem sempre vem, com vários rostos que se alternam. Pode ser ou pode não ser. Muitas possibilidades, porém, o possível apresentado dissimula o caminho mais promissor. Sei para onde devo ir, mas com cautela, pois há, ainda, um bocado de suspeita.

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