terça-feira, 30 de dezembro de 2014

- Maturação -




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(Alguns homens alcançam milênios de sabedoria, outros, viverão a vida inteira sem compreender o que significa ter uma conversa que torne seu espírito mais refinado). 
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O semeador, assim, retirou de sua sacola essa semente e a lançou em terras áridas esperando que, até o fim de sua vida, possa colher os frutos dessa árvore sagrada.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

- Selfie against self -



Congelar momentos encenados nunca será eternizar a felicidade ou momentos de glória. Por trás das máscaras há o puro tédio, a pura apatia e a tentativa de fugir de si mesmo. Assumir a própria vida, com suas misérias, seus acasos, seus momentos de agigantamento, alguns sorrisos e alguns mal dizeres, esse, talvez, seja o mais difícil de todos os trabalhos, ou será, como já dissemos, viver para si mesmo sem cair no egoísmo. Para o primeiro é necessário coragem e para o segundo um pouco de habilidade.  

domingo, 21 de dezembro de 2014

- Abandonar a Vida -



"Renegar suas Asas de Metal é o mesmo que renegar a própria Vida"
Assim falou Zaratustra ao Homem de Asas de Metal que estava à beira de atirar ao precipício todas as possibilidades de auto superação.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

- Aquilo que ecoa e ressoa -





toda filosofia “é, 
simultaneamente, a biografia involuntária de uma alma” (NIETZSCHE, F. Aurora, af. 481)

domingo, 7 de dezembro de 2014

- Noé e a salvação da humanidade -




Os homens desde antes de seu nascimento são destinados a grandes sacrifícios, porém assumir essa destinação é um ato de coragem e de abraço ao suicídio pontual e cotidiano. Deus, por que trabalhar todos esses anos para salvar a humanidade se, ao final, fui o único quem ficou de fora de minha própria arca?


Esses foram os últimos pensamentos de Noé que, ao preencher todos os lugares de sua arca com a humanidade, não reservou o lugar de salvador e de guia para si e nem mesmo o lugar de sobrevivente. Observou, com lágrimas nos olhos, as mesmas lágrimas com inundavam o mundo, o dilúvio nada mais foi que a tristeza de Noé inundando sua alma. Salvou a humanidade mas não pôde salvar a si mesmo. E agora Noé naufraga em sua dor e solidão.

Porém, o dilúvio não é eterno, as águas baixam, a dor se purifica e evapora com os raios do sol, assim Noé se transformou em um imenso arco-íris, pois compreendeu o quão grandiosas havia sido sua obra e todos, ao contemplarem o arco-íris, puderam, até o fim de seus dias, lembrar do homem que salvou a humanidade.


Ass: O contador de histórias.

sábado, 6 de dezembro de 2014

- A destruição do mundo -



Abri minha alma e li cada palavra sussurrada de seu ventre, cada palavra lida foi regada com muitas gotas de certezas até florescerem verdades eternas. Nada do que é falso pode sobreviver à luz devastadora da verdade, com ela todas as trevas são expurgadas e todo o mal se esvai escorrendo pelas rachaduras da terra e retorna para o submundo.

As verdades há muito cultivadas transbordaram pelos meus olhos e observei diretamente no coração do mundo. Ódio! Ódio! Ódio! Esse é o conceito do mundo após minha experiência, após submeter o mundo aos meus métodos e olhares de verdade. Contemplo assim o coração mesquinho e falso do mundo que diante do meu olhar de verdade é purificado de todo o mal que vejo.

Pela verdade purifiquei o mundo e devolvi a ele seu sentido, porém, o único bem, a única verdade é tudo o que restou.

Quando cultivamos a verdade criamos um deserto de solidão pois o mundo se afasta. Ou será que somos nós que nos afastamos do mundo por nos enganarmos?

Fazer essa pergunta é sempre o primeiro passo para reconstruir o mundo.

domingo, 14 de setembro de 2014

- Carta sobre a felicidade -



Ninguém nesse mundo lhe fará feliz!!!
Por esse motivo, faça planos de felicidade que incluam outras pessoas.
Entendemos a vida a partir daquilo que não somos e não temos, por isso angústia.
Glorifiquemos então aquilo que realmente somos e aquilo que realmente temos sem nunca "dever ao devir" (Teatro Mágico).

quarta-feira, 2 de julho de 2014

- Vida -




Algumas vezes, porém em uma frequência formal de dias, ao acordar para dentro, sonhar, tenho visto essa figura humana, desconhecida de rosto mas familiar de corpo. Como assim familiar de corpo? Familiar pois essa figura desfigurada de face sempre aparece por vezes voando, por vezes caminhando... em cacos de vidro... em campos de grama fresta. Ora, muitos, obviamente diriam: "é claro que você está sonhando com um anjo". Anjo? Só se for um que esteja caído, pois com o peso daquelas asas de metal dificilmente alcançaria os céus.
Mas voava, voava com perfeição na terra e se fosse para o mar com certeza afundaria, não seria capaz, de forma alguma, de andar sobre as águas. Sempre corri em sua direção, curioso, mas não via face, também nunca cheguei tão perto o suficiente para olhar e trocar algumas palavras.
Agora, porém, estou decidido, quero saber o significado desse signo, ou então jamais permitir-me-ei dormir novamente acordando para dentro. Lá estava ele, caminhando sobre cacos de vidro, devagar, e de seu sangue brotava palavras em forma de poesia, dos cacos de vidro, areia de deserto com desenhos, alguns eram contornados por cimento, outros o vento apagava. Corri o mais rápido que pude, atirei-me no ar e o agarrei pelas costas virando-o lentamente e, ao olhar sua face, vi um espelho que se transformava em televisão que passava um filme, um filme familiar e conhecido. Então, curioso e com a espinha rasgando em minhas costas de arrepios, perguntei seu nome. Após um segundo de silêncio que significou todo o universo em sua cosmo existência ele respondeu: "Me chamo "Vida"".
Quem tem ouvidos, que ausculte e recolha.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

- Cuidado e Controle -



Cuidar é como trafegar em uma ponte estreita em que o menor desvio nos faz cair no lodo do controle. Assim, ao contrário de cuidarmos dos outros passamos a controlar a vida alheia, porém, não nos damos conta, pois ambas as coisas são parecidas.
Embora cuidar e controlar sejam coisas parecidas, são originariamente e essencialmente distintas uma da outra, enquanto cuidar se funda numa potencialização, o controle, visando o bem alheio, é exercício de poder.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

- Lembrança decadente que se ergue-




Gostaria de modificar os fluxos do mundo, porém mantendo as mesmas peças em seus lugares.
Gostaria que cada momento fosse como os clipes de minhas músicas preferidas.
Mas, as vezes sou prisão e aprisiono, outrora, sou liberdade e instrumento de sua ação.
Sorte a minha de você sempre me mostrar e me lembrar quem eu sou, porém o ser humano é sempre decadência e perda de sentido.
Então, moça bonita, preciso de você sempre ao meu lado para quando eu decair e esquecer quem eu sou você possa me lembrar... de maneira sutil... de maneira violenta...

sexta-feira, 4 de abril de 2014

- A frieza do olhar -




O controle sobre as emoções e a segurança do momento são ferramentas com as quais nos enganamos e nos escondemos de nosso real acontecimento trágico. Observo uma onda gigante vindo em minha direção, sei de sua capacidade destrutiva, porém penso que sou imune ao seu poder e quando ela chegar arrasando toda a cidade, sairei por cima nadando. Assim observo friamente o mundo e o calculo, faço análises de suas catástrofes e formulo soluções. Mas, o que a frieza do meu olhar não me deixa ver é que, por dentro, essa onda fortíssima abala todas as estruturas sobra as quais me edifiquei e assim o corpo sangra. As paredes do corpo não suportam a força destrutiva dessa onda de fortes sentimentos e se racham e assim as águas selvagens dessa onda escapam em forma de hemorragia.
Mas, qual o remédio para isso? Será que nós, homens de olhar frio, sempre padeceremos desse mal? O que aprendi, até o momento, é reconhecer e respeitar a força dessa onda que, embora pensemos sermos mais fortes, sempre acabamos derrotados e arrastados por ela. Nossos braços não são fortes o suficiente para retermos aquilo que sentimos, portanto, é preciso deixar a onda fluir.

sábado, 22 de março de 2014

- A alma sem metáforas -




Carinho, cuidado, romantismo, companheirismo, essencialmente a essência de conviver, porém, é no corpo a corpo intenso que as almas se manifestam sem metáforas.

quinta-feira, 20 de março de 2014

- Pedras e Poemas -



Uma pedra caída no chão mentém ao seu redor diversos poemas formados por elementos exalados em sua queda, a isso chamamos criatividade e originalidade. Porém, após certo tempo, os poemas circundantes se tornam tão repletos dos mesmos elementos, tão originais, que espelham-se entre si mesmos confundindo-se e confundindo o público que, entediado, vai embora buscando outras pedras.
Pobre pedra, ainda  não sabe que, para continuar a brilhar como estrela, necessita se atirar em outras terras e variar suas rachaduras, pois assim seus poemas se enriquecerão com novos elementos, tão diversos e nem por isso menos originais e criativos.
Chamemos isso então, a superação e inovação da arte. A pedra se quebra, se racha, se solidifica ou vira areia, não importa, virando ou não cacos de vidro coloridos, o que sair sobrevivido e vivo não está para além em alma alguma, mas sim no casulo que se rompe brotando asas regadas pelo sol. Pedras voando como borboletas, caindo, ficando e partindo de novas e velhas terras, assim o artista se renova, e isso, jamais, será perder a originalidade.