Fiz muito por esse vilarejo, pelo menos o muito que sempre
esteve ao meu alcance, ou o “pelo menos” de acordo com o que cada um
compreende. Porém, certo dia, fui atacado pelas costas por um guerreiro de
menor valor, mas sangrou, pois o tesouro de minha alma foi atingido fazendo minhas
pernas tremerem, mas mesmo assim pude me defender e derrotar meu adversário.
Ferido, retornei ao lugar que tanto amava ficar, mesmo que
quando ficava por pouco tempo, para tomar um café ou apenas tirar uma soneca. Porém, há uma arma
cuja qual espada nenhuma é afiada o suficiente para confrontar: a sagacidade da
retórica humana.
Todas as pessoas com quem convivia olhavam – me e em seus
olhos brilhava o desprezo e uma pequena quantidade de ira. Não conseguira eu
compreender, mas, dias mais tardes palavras duras o vento traria. Notei que o
vilarejo aos poucos ficava mais pobre, as colheitas, sem cuidado, secavam
lentamente, os peixes e animas terrestres, na sombra da noite, partiam levando tudo o que
lhes pertencia, as pessoas ficavam mais impacientes e dês-afetuosas.
Sentia que meu lugar, que tanto amava, restringia-se, no
momento, somente a uma ilha com poucas árvores nas margens do vilarejo. Um dia, andando pelas ruas onde
cresci, pessoas conhecidas de há muito tempo encurralaram-me num beco e disseram que todas as desgraças pelas quais se defrontavam eram oriundas de minhas ações.
Então pedi uma explicação, pois não conseguia compreender o porquê de ter me
tornado uma maldição para aquelas pessoas. Então, me responderam que, após eu ter
atacado cruelmente e ferido o guerreiro de menor valor, estes tiveram que
desviar todas as suas ações que mantinham a vila para socorrer tal pessoa o que
comprometeu toda a economia do lugar.
Desde então percebi que as testemunhas do combate careciam
demasiadamente de capacidade de interpretação de fatos e de discurso. Construíram,
desse jeito, este muro chamado verdade cujos tijolos dizem ser meu caráter. Agora vivo,
aqui, em minha ilha apenas, como renegado... e mal caráter...
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