Certo dia uma menina linda de quem gosto muito me pediu para ler uma estória para ela. Eu, meio sem saber uma estória especial, decidi pegar uma livro muito antigo da minha mini biblioteca, é este o segundo livro que tive, o primeiro emprestei a alguém que não me lembro e nunca foi devolvido. Este livro de qual falo, que decidi pegar e ler um trecho aleatoriamente, chama-se “O Alquimista” de Paulo Coelho. E eu, por acreditar que cada um deve seguir sua “lenda pessoal” e que o mundo possui uma “alma”, e que quando se deseja alguma coisa o “universo conspira ao seu favor”, decidi postar esse texto, pois acredito que nesse mundo o acaso às vezes não é por acaso, e as coincidências são muito mais que coisas que coincidem. Dedico aqui a todos esse texto que é parte da obra literária mais bela que já li.
“Eram livros estranhos. Falavam em mercúrio, sal, dragões e reis, mas ele não conseguia entender nada. Entretanto, havia uma ideia que parecia repetida em quase todos os livros: todas as coisas eram manifestações de uma coisa só.
Num dos livros ele descobriu que o texto mais importante da Alquimia tinha apenas poucas linhas, e havia sido escrito numa simples esmeralda.
- É a Taboa da Esmeralda – falou o Inglês, orgulhoso por ensinar alguma coisa ao rapaz.
- E então, para que tantos livros?
- Para entender estas linhas – responde o Inglês, sem estar muito convencido da própria resposta.
O livro que mais interessou ao rapaz contava a historia dos alquimistas famosos. Eram homens que tinham dedicado sua vida inteira a purificar metais nos laboratórios; acreditavam que se um metal fosse cozinhado durante muitos e muitos anos, terminaria se libertando de todas as suas propriedades individuais, e em seu lugar sobrava apenas a Alma do mundo. Esta Coisa Única permitia que os alquimistas entendessem qualquer coisa sobre a face da terra, porque ela era a linguagem pela qual as coisas se comunicavam. Eles chamavam esta descoberta de Grande Obra – que era composta de uma parte liquida e uma parte sólida.
- Não basta observar os homens e os sinais, para se descobrir esta linguagem? – perguntou o rapaz.
- Você tem mania de simplificar tudo – respondeu o Inglês irritado. – A Alquimia é um trabalho sério. Precisa que cada passo seja seguido exatamente como os mestres ensinaram.
O rapaz descobriu que a parte liquida a Grande Obra era chamada de Elixir da Longa Vida, e curava todas as doenças, além de evitar que o alquimista ficasse velho. E a parte solida era chamada de Pedra Filosofal.
- Não é fácil descobrir a Pedra Filosofal – disse o Inglês. – Os alquimistas ficavam muitos anos nos laboratórios, olhando aquele fogo que purificava os metais. Olhavam tanto o fogo, que aos poucos suas cabeças ema perdendo todas as vaidades o mundo. Então, um belo dia, descobriram que a purificação dos metais havia terminado por purificar a eles mesmos.
O rapaz se lembrou do Mercador de Cristais. Ele havia falado que tinha sido bom limpar seus vasos, para que ambos se libertassem também dos maus pensamentos. Estava cada vez mais convencido de que a Alquimia poderia ser aprendida na vida diária.
- Além disso – falou o Inglês – a Pedra Filosofal tem uma propriedade fascinante. Uma pequena lasca dela é capaz de transformar grandes quantidades de metal em ouro.
A partir destra frase, o rapaz ficou interessadíssimo em Alquimia. Pensava que, com um pouco de paciência, poderia transformar tudo em ouro. Leu a vida de várias pessoas que tinham conseguido: Helvetius, Elias, Fulcanelli, Geber. Eram historias fascinantes: todos estavam vivendo até o fim sua Lenda Pessoal. Viajavam, encontravam sábios, faziam milagres na frente dos incrédulos, possuíam a Pedra Filosofal e o Elixir da Longa Vida.
Mas quando queria aprender a maneira de conseguir a Grande Obra, ficava completamente perdido. Eram apenas desenhos, instruções em código, texto obscuros.
- Por que eles falam tão difícil? – perguntou certa noite ao Inglês. Notou também que o Inglês andava meio aborrecido e sentindo falta de seus livros.
- Para que só os que têm responsabilidade de entender que entendam – disse ele. – Imagine se todo mundo saísse transformando chumbo em ouro. Daqui a pouco o ouro não ia valer nada.
“Só os persistentes, só aqueles que pesquisam muito, é que conseguem a Grande Obra. Por isso estou no meio deste deserto. Para encontrar um verdadeiro Alquimista, que me ajude a decifrar os códigos”.
- Quando foram escritos estes livros? – perguntou o rapaz.
- Há muitos séculos atrás.
- Naquela época não havia imprensa – insistiu o rapaz. Não havia jeito de todo mundo tomar conhecimento da Alquimia. Por que esta linguagem tão estranha, cheia de desenhos?
O Inglês não respondeu nada. Disse que há vários dias estava prestando atenção à caravana, e que não conseguia descobrir nada de novo. A única coisa que tinha notado era que os comentários sobre a guerra aumentavam cada vez mais.
Um belo dia o rapaz entregou de volta os livros ao Inglês.
- Então, aprendeu muita coisa? – perguntou o outro, cheio de expectativa. Estava precisando de alguém com quem pudesse conversar para esquecer o medo da guerra.
- Aprendi que o mundo tem uma Alma, e quem entender esta Alma, entenderá a linguagem das coisas. Aprendi que muitos alquimistas viveram sua Lenda Pessoal e terminaram descobrindo a Alma do mundo, a Pedra Filosofal, o Elixir.
“Mas, sobretudo, aprendi que estas coisas são tão simples que podem ser escritas numa esmeralda”.
O Inglês ficou decepcionado. Os anos de estudo, os símbolos mágicos, as palavras difíceis, os aparelhos de laboratório, nada disso havia impressionado o rapaz. “Ele deve ter uma alma primitiva demais para compreender isto”, pensou.
Pegou seus livros e guardou nos sacos que pendiam do camelo.
- Volte para sua caravana – disse. – Ela tampouco me ensinou qualquer coisa.
O rapaz voltou a contemplar o silêncio do deserto e a areia levantada pelos animais. “Cada um tem sua maneira de aprender”, repetia consigo mesmo. “A maneira dele não é a minha, e minha maneira não é a dele. Mas ambos estamos em busca de nossa Lenda Pessoal, e eu o respeito por isso”.”
(O Alquimista – Paulo Coelho)
Dedicado a você menininha....
bons tempos esses em que eu lia Paulo Coelho, os academicos perdem muito por puro pré-conceito, principalmente os filosofos.
ResponderExcluirObrigada!
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