sábado, 2 de novembro de 2024

- O perigoso "por que"? O caso Sr.B

 


Sr.B vivia feliz, cometia lá seus erros, partia alguns corações na mesma medida que o seu era partido também. Mas, tudo era como deveria ser e Sr.B compreendia a tragicidade do vir-a-ser.

Porém, houve um momento em que acharam o Sr.B um caso interessante, algo digno de nota na história da humanidade. Sr.B chamava a atenção de muitos pelo seu sorriso, pela sua leveza, mas também pelos seus dias de tristeza que lhe acometiam às vezes e isso era curioso.

E então, lhe perguntaram "por que"? Tal expressão lhe caiu como uma pluma de aspecto agradável a qual ele tentou apanhar nas mãos. Ao apanhá-la, percebeu algo estranho, um certo peso, mas mesmo assim, respondeu a pergunta.

"Hora, Sr.B, sua resposta está errada, tente de novo!"

Tudo bem, Sr.B tentou fazer-se o mais claro possível...

"Não, Sr.B, não é isso..."

Sr.B percebeu que não se tratava de uma conversa, mas de uma justificação. A cada "por que" era necessário uma resposta, mas todas as justificativas estavam erradas, pois a pergunta já vinha com a verdade. Era isso então, reconhecer a verdade, tudo se resume a isso!

Mas, qual a verdade? Perguntou o Sr.B e, ao ser dita, soube que se tratava de um roupagem que fizeram para ele e, a cada "por que", lhe "pediam" que acrescentassem um nome ao seu, pois era assim que o conheciam. Cada nome um peso, cada nome, uma culpa! E Sr.B percebeu que, na verdade, não queriam compreendê-lo, tudo se tratava de um julgamento cuja sentença estava dada.

Sr.B, o pecador! Sr.B, o injusto! Sr.B, o mentiroso!

Por que você pecou? Por que foi injusto? Por que mentiu?

Às vezes as interrogações são afirmações e o universal é um particular!

O forte vivia livre com sua natureza, feliz, mas quando o fraco lhe perguntou "por que?", o forte sentiu vergonha de sua nudez e se escondeu, pois sentia-se culpado pelos seus pecados.

Agora, do cume da montanha, Sr.B observa, em meio a baixa temperatura, o mundo lá do alto... tudo é tranquilo e sereno lá de cima... e todos acham que o Sr.B está doente.

domingo, 19 de maio de 2024

- A amizade a partir de uma perspectiva hegeliana -




Você me disse que irei morrer se eu continuar, mas que não fará nada para me impedir, pois respeita minha decisão. Assim deve ser uma amizade sincera e respeitosa.

 - Só posso caminhar com você até aqui, meu amigo, pois ali adiante está uma possível morte! Se você decidir avançar, o fará em sua solidão, pois terei que me despedir de você para não vê-lo morrer.

 - Eis a diferença entre o senhor e o escravo, caro amigo! Diante da possibilidade da morte o escravo decide preservar a vida, mas ao preservar a vida perde sua essência. O senhor, diante da possibilidade de morte arrisca a vida pois a vida não é mera sobrevivência. Assim, sou em si e para si e não para outro.

Então, te deixei à margem do destino e, diante do abismo, caminhei em suas beiradas, em minha solidão.

segunda-feira, 29 de abril de 2024

- Subversão e limites -



O sonho subverte todos os limites! O que vocês têm tentado comigo, eu que sou um espírito livre, se não bloquear meus caminhos com seus olhares convertidos em palavras e juízos? Avaliações grosseiras incapazes de interpretar aquilo que de fato é, submetendo à compreensões pré estabelecidas.

Me atirei aos céus, como um cometa, dilacerei seu horizonte de simbolismos morais e você não soube o que fazer, seus pensamentos e ideias entraram em colapso te deixando desnorteado.

Em meu retiro espiritual, se esperava minha rendição e submissão ao seu julgamento. Mas revesti-me com o véu da invisibilidade para guardar, só para mim, um  tesouro recém descoberto, coisa que você jamais compreenderia, meu amigo.

Já navegamos juntos muitas vezes, mas habitamos barcos diferentes agora, você não é forte o suficiente para dar esse passo. Não adiante tentar me prender com seu laço, já estou fora de alcance. Não adianta me julgar, pois estou farto de julgamentos!

Pegador, movido pelos instintos... destruidor de lares... pecador... herege... assim diz a força fraca para enfraquecer e dominar tudo aquilo que possui brilho e felicidade.

O sonho subverte todos os limites!