terça-feira, 29 de dezembro de 2020

- O desespero de Epimeteu -


Acabei! O dragão foi vencido...

Me fortaleci e criei uma distância entre mim e meus adversários...

Toquei o louro, mas este foi ofertado àqueles que tinham mais fome e debilidade de espírito.

E agora, ergue-se diante de mim esta torre, ostentando um relógio cujos ponteiros repousam. Mesmo sendo nova, seu aspecto é envelhecido como se fosse tão eterna quanto o próprio tempo.

Quem segura estes ponteiros impedindo que o tempo da vida passe?

Será Xangô? Será Ogum?

Nessa paralisia angustiante do tempo, em que todas as noites são a mesma noite, o fantasma vem e fere minha alma com este punhal que me contamina com esperança, sonho de um futuro. O futuro nada é, o presente é tudo!

"Ó Epimeteu, teus passos sempre seguem um caminho circular, pois o mesmo sempre é reposto em um eterno retorno".

Movimento e repouso são o mesmo e, durante as noites, na escuridão por trás do sorriso, as entranhas da alma se reviram, tal como o castigo de Prometeu a ser devorado eternamente, em uma repetição sem fim.

"Eu lhe disse, minha tarefa é ensinar a matar a esperança... Mas, por que me rendo a ela em meus pensamentos?"

Xangô,  com sua espada, perfurou meu coração, mas não caí de joelhos. O olhei com ira,  ele, então, sorriu satisfeito.

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