Me fortaleci e criei uma distância entre mim e meus adversários...
Toquei o louro, mas este foi ofertado àqueles que tinham mais fome e debilidade de espírito.
E agora, ergue-se diante de mim esta torre, ostentando um relógio cujos ponteiros repousam. Mesmo sendo nova, seu aspecto é envelhecido como se fosse tão eterna quanto o próprio tempo.
Quem segura estes ponteiros impedindo que o tempo da vida passe?
Será Xangô? Será Ogum?
Nessa paralisia angustiante do tempo, em que todas as noites são a mesma noite, o fantasma vem e fere minha alma com este punhal que me contamina com esperança, sonho de um futuro. O futuro nada é, o presente é tudo!
"Ó Epimeteu, teus passos sempre seguem um caminho circular, pois o mesmo sempre é reposto em um eterno retorno".
Movimento e repouso são o mesmo e, durante as noites, na escuridão por trás do sorriso, as entranhas da alma se reviram, tal como o castigo de Prometeu a ser devorado eternamente, em uma repetição sem fim.
"Eu lhe disse, minha tarefa é ensinar a matar a esperança... Mas, por que me rendo a ela em meus pensamentos?"
Xangô, com sua espada, perfurou meu coração, mas não caí de joelhos. O olhei com ira, ele, então, sorriu satisfeito.
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