quinta-feira, 12 de outubro de 2017

- Minha Obra -




Hefesto martelava sem parar dia e noite e os sons de seus golpes me tiravam o sono. Cada martelada um fantasma, cada martelada um símbolo, cada martelada uma palavra que não consigo ler. Porém, a imagem forma-se lentamente no ar, a ideia parece vir de uma dimensão futura ou paralela.
 - Hefesto, o que você está criando a ferro e fogo? Posso ver mas não consigo entender. Compreendo mas não sistematizo. Qual o problema com sua obra Hefesto? Há nela rachaduras entre as partes que me impedem de ver o todo. Todo da obra? Continua sendo o todo, mas se adota uma perspectiva o sistema é de um jeito, se adoto outra o sistema é de outro. Qual o problema com sua obra Hefesto? Compreendo mas não sistematizo, se não sistematizo não falo o que é. Sua obra fala em mim e não verbalizo a ressonância da canção de sua alma.
Hefesto permaneceu em silêncio martelando. Uma martelada "IN", duas marteladas "TU", três marteladas "I", quarta martelada (...).

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