Durante muito tempo permaneci sentado nessa pedra, daqui
assistia muitas vidas passarem e serem vividas ao máximo que lhes fosse
possível. Confesso que estou cansado e meu único descanso agora chama-se
movimento. Minha alma move-se por si mesmo arrastando meu corpo, pernas que
antes não respondiam são arrastadas por uma vontade de alma. Estou um pouco
enferrujado, mas com um tempo minha coluna não mais manifestará dor e suas
rachaduras serão seladas com concreto.
Levantei da pedra com o corpo arrastado pela minha alma. As
nuvens de tempestade que faziam trevas no céu modificaram-se em formato de
redemoinho e, do seu interior, vi uma imensa claridade. Energia, energia vital
ou energia destrutiva do raio? O único caminho para a verdade é a dúvida e a
verificação. Do centro do redemoinho de nuvens um raio cortou o horizonte e
dividiu o mundo em dois por um instante.
Meu braço, então, serviu de para-raios por um momento! É
tudo o que tenho e todo o possível deve ser feito nesse instante, pois o raio
em minhas mãos condensa tudo o que existe, nada há frente, nada há atrás. Vida
é luta, golpeei então o ar e do raio surgiram pontos de possíveis e absolutos
agoras. Estiquei a ponta do dedo e fiz uma escolha e tudo se tornou caminho.
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