sábado, 19 de novembro de 2022

- Filósofos e crentes e sua relação com os mortos ("vivos") ou Sobre espantalhos -


O que somos nós, apreciadores da filosofia senão coveiros que remexem túmulos? Somos tão acostumados com os mortos que, quando vemos um "nome" que ainda vive, exclamamos, com surpresa: "está vivo, ainda vive!"

De forma semelhante Deus, a única vez que tentou habitar no meio de nós, foi morto e puseram em seu lugar um espantalho que atravessa séculos e séculos.

E Jesus disse: "segunda vinda, vou nada, gente mal educada!"


Tudo, para ser grande, deve estar morto! 

terça-feira, 15 de novembro de 2022

- O meu mais novo mandamento -

"Esquecer, para não mais decair"


Sim, gostaria de esquecer....

te esquecer....

esquecer seus atos passados, presentes e futuros...

para, não mais, decair nesse vale...

de lágrimas... de desespero e angústia.


Não quero mais essa falta da onde não posso mais retornar

sábado, 12 de novembro de 2022

- A meta para um coração partido -


Não quero mais miragens em minha vida,

Só quero a certeza.

Basta! Não quero mais remendar o coração!

Não quero mais ter que colar os pedaços do meu espírito quebrado!

Não quero mais ter que costurar as cicatrizes de minha alma!

Não nasci para ser a segunda opção, não nasci para ser descartado e nem para ser trocado...

Muito menos traído....

Quando entregar meu coração em suas mãos, não o aperte até virar areia, são muitos pedaços para serem juntados... e estou cansado de me refazer...

domingo, 6 de novembro de 2022

- A queda do anjo cujas asas são de metal -


Às vezes o mundo se apresenta com tamanha leveza, que nos esquecemos que viver é voar com asas de metal. E esse é o maior de todos os aprendizados, pois nunca se finaliza e, pelo fato de abarcar inúmeras possibilidades de pesos distintos, faz com que o sentido ou o contorno que é dado pareça limitá-lo.

Fui um anjo enviado para te salvar, porém, eu, que via tudo claramente por manter-me nas alturas, me apaixonei tal como Eros por Psique. Não mais senti o metal de minhas asas me impelindo para os abismos. Gostei desse mundo e o colori com todas as cores disponíveis em meu pincel mágico. Você me fez querer ser criador de mundos.

Porém, algo ficou estranho, o mundo foi perdendo a cor, o metal foi ficando frio e pesado novamente. Havia certo cansaço, uma dor nas costas e, ao tentar me curar, encontrei um punhal, depois um e depois mais outro. Meu assassino agia nas sombras, mas era ele a própria sombra escondida por trás do rosto de porcelana. A sombra, nas sombras, tramava com outras, sorrateiras, trevosas. Uma delas parecia ser um igual, talvez esse fosse seu maior desejo, "ser à minha imagem e semelhança", como não é capaz de voar na mesma altura, resolveu cortar-me as asas para me rebaixar.

 - É você, meu amor, que me apunha-la pelas costas?
 - Você sabe, meu anjo e protetor, que nunca faria isso, é a loucura que te acomete.
 - Por que sangro então em meu coração?
 
Veio, em direção ao meu peito, uma lança, envenenada e esta era empunhada por quatro mãos.
A violência sexual é a maior prática de humilhação, assim, o anjo que voa com suas asas de metal permanecerá, caído, em uma cratera semelhante a um poço, até que consiga voar, novamente, com suas asas de metal...