sábado, 20 de outubro de 2018

- Adão como arquétipo do homem fascista -



Grão por grão de areia, um pouco de água e sopro divino. Poderia ser um castelo na beira do mar, mas não, é um corpo de homem que se banha no sol. Contrastando com ele da escuridão da face misteriosa da lua, uma mulher se oculta no tempo da história.
 - Quantas poeiras de estrelas cadentes foram necessárias para que nossos corpos se configurassem aqui, nessa corda paralela pela qual corre a temporalidade?
De fato, belas palavras do homem primordial. Assim, a mulher primogênita revela-se retirando o véu de sombras que pairava sobre seu rosto. Como não se encantar? Perguntou-se a primogênita ao observar seu igual. Somente pelo igual há philia e somente pelo igual é que há competição honrosa que aprimora as forças.
Lilith, porém, descobriu que Adão não estava à sua altura, mas não se importava com isto. Quando há parceria e companheirismo, a disputa se torna meio para o crescimento.
Mas Adão, o ressentido, o inseguro, temendo a criatura que o ameaçava (e aqui cabe um parênteses, a ameaça externa nunca fora real, mas sim uma fantasia, um fantasma criado como artifício de seu próprio entendimento para justificar suas pulsões impotentes, assim funcionava o entendimento de Adão, auto justificando sua fraqueza, demonizando aquilo que há de força), rogou a Deus, em seu mais absoluto silêncio, que a enviasse para o inferno... E assim se fez um amém.
Adão, devido seu pecado, girou pelo Samsara por eras milenares e nada compreendeu. Hoje, como arquétipo e alma fragmentada em milhares de imbecis, inseguros, atacam aquilo que se manifesta como força, como força feminina, pois a insegurança e o medo diante das mulheres fortes ainda não se resolveu.
Até quando Adão, serás o inseguro?

domingo, 29 de julho de 2018

- O cristianismo e suas hipocrisias ou Da falta de autocrítica - (Escritos morais)




O cristianismo acusa seus oprimidos e condenados a profanarem seus símbolos e templos. Mas, de certa forma, os condenados apenas tomaram as armas sob as quais sofreram durante milênios e a subverteram. Quando a serpente ingere o próprio veneno, este desse amargo dilacerando as entranhas, e acusam de criminoso o feiticeiro que reverteu o feitiço. A serpente, sob as vestes de sua máscara e toga inquisidora, pragueja em seu próprio aparelho de tortura. Ou, mais propriamente, a dor do pastor do rebanho não seria por ver as próprias palavras, carregados de bem e mal, retornando ao seu estado ativo de afirmação do saudável e do nocivo individual?
Ora, todos os templos, todos os símbolos, todos os amores e justiças já foram profanados há milênios: deus da chuva o diabo, Exu o diabo, Zeus, diabo, tudo proveniente de quando pintaram o deus pagão de vermelho. Não há motivo para choros, noviça, mas sim de autorreflexão, ninguém está a salvo da lei do retorno, é apenas a reação da ação cometida. Duas opções para a salvação da Igreja: ou reconheçam seus pecados e se purifiquem, ou que sejam submetidos ao Estado, para que sua máquina de preconceitos venenosos não se prolifere mais.

Ass. Inquisidor transfigurado

domingo, 13 de maio de 2018

- O que somos nós? -



No fim das contas, qual nossa essência?
Um composto de fios que conectam uma somatória de memórias. As lembranças do corpo são quem determinam nossos movimentos. Forças penetram a carne, cores se transformam em sangue, perfumes se transformam em palavras e sons em imagens. Não lembrar-se, a perca da memória ou a confusão nos faz sermos menos.
No oceano avistado do alto da montanha, de onde vejo o por do sol, uma mão emerge. Último suspiro, respiro. Na teia do tempo o resquício do corpo desaparece. Me jogo, mergulho, trago-me de volta... ad infinitum.

domingo, 22 de abril de 2018

- O Mundo que se despede -



Uma pequena onda de ar frio cobre meus pés assim como o sereno devaneio escorre pela noite estrelada. Um pequeno astro brilha nesta noite, porém, sua proximidade me confunde quanto a sua grandeza, palavras não verbalizadas sussurram em minha pele: O mundo está se fechando sobre si e partindo.
Este clima, este frio sopra saudade daquilo que está prestes a desmoronar com toda a sua tranquilidade. Estranha sensação de que O mundo está se fechando sobre si e partindo. Quando o último dos mundos partir que seja assim, como esta noite.
Olhares nefastos e conversas sombrias!!!! Oh! Não sei contra quem estão tramando...
Aquela estrela vermelha no céu agora brilha mais forte.

domingo, 28 de janeiro de 2018

- Parte do Manuscrito -



"Mas agora, neste último segundo de sua vida na Terra, eu vou lhe dizer o que vi: encontrei a casa limpa, a mesa posta, o campo arado, as flores sorrindo. Encontrei cada coisa em seu lugar, como devia ser. Você entendeu que as pequenas coisas são responsáveis pelas grandes mudanças.
E por causa disso vou levá-lo ao Paraíso".

Paulo Coelho: Manuscrito encontrado em Accra. 2012, p. 48.