quarta-feira, 2 de julho de 2014

- Vida -




Algumas vezes, porém em uma frequência formal de dias, ao acordar para dentro, sonhar, tenho visto essa figura humana, desconhecida de rosto mas familiar de corpo. Como assim familiar de corpo? Familiar pois essa figura desfigurada de face sempre aparece por vezes voando, por vezes caminhando... em cacos de vidro... em campos de grama fresta. Ora, muitos, obviamente diriam: "é claro que você está sonhando com um anjo". Anjo? Só se for um que esteja caído, pois com o peso daquelas asas de metal dificilmente alcançaria os céus.
Mas voava, voava com perfeição na terra e se fosse para o mar com certeza afundaria, não seria capaz, de forma alguma, de andar sobre as águas. Sempre corri em sua direção, curioso, mas não via face, também nunca cheguei tão perto o suficiente para olhar e trocar algumas palavras.
Agora, porém, estou decidido, quero saber o significado desse signo, ou então jamais permitir-me-ei dormir novamente acordando para dentro. Lá estava ele, caminhando sobre cacos de vidro, devagar, e de seu sangue brotava palavras em forma de poesia, dos cacos de vidro, areia de deserto com desenhos, alguns eram contornados por cimento, outros o vento apagava. Corri o mais rápido que pude, atirei-me no ar e o agarrei pelas costas virando-o lentamente e, ao olhar sua face, vi um espelho que se transformava em televisão que passava um filme, um filme familiar e conhecido. Então, curioso e com a espinha rasgando em minhas costas de arrepios, perguntei seu nome. Após um segundo de silêncio que significou todo o universo em sua cosmo existência ele respondeu: "Me chamo "Vida"".
Quem tem ouvidos, que ausculte e recolha.